Nossa dívida nº 2 é para com o Dia do Tradutor, comemorado em 30 de setembro.
Pensando em algo legal para escrever a respeito desse dia, decidimos que o melhor mesmo é lembrar algumas palavras do Paulo Rónai, tiradas do livro “A Tradução Vivida” (2ª edição, Ed. Nova Fronteira, 1981).
Nesse livro, Rónai argumenta que a “bagagem” de um tradutor deve possuir quatro requisitos indispensáveis:
1) O “conhecimento profundo da sua língua materna, para a qual ele traduz” (pág. 27);
2) A “posse pelo menos razoável do idioma-fonte” (pág. 29);
3) O ‘bom senso” (segundo ele, talvez o “componente mais indispensável de sua aparelhagem” – pág. 29);
4) Uma “cultura geral que lhe possibilite identificar os lugares-comuns da civilização” (pág. 29).
Mas, pergunta Rónai, isso tudo “não é exigência demais em se tratando de ofício comumente mal pago e pouco prestigiado”?
E ele conclui: “[N]ão obstante a remuneração insuficiente ou nula, muitos grandes escritores de todos os tempos empreenderam trabalhos de tradução muitas vezes com prejuízo da própria obra. Evidentemente o ofício deve oferecer compensações outras que não as financeiras. Se o trabalho não trouxesse em si mesmo o seu prêmio, Goethe não teria vertido Diderot para o alemão, Mérimée não se haveria empenhado em introduzir os clássicos russos na França, Baudelaire não se houvera debruçado meses a fio sobre as novelas de Edgar Allan Poe, Rilke não transporia Valéry em sua própria língua. Na realidade a tradução é o melhor e, talvez, o único exercício realmente eficaz para nos fazer penetrar na intimidade dum grande espírito. Ela nos obriga a esquadrinhar atentamente o sentido de cada palavra, em suma a reconstituir a paisagem mental do nosso autor e a descobrir-lhe as intenções mais veladas” (pág. 31).
E você, por que traduz?
Queridos, desculpem! Preocupada com meu próprio umbigo naquela data tão bela, nem dei os parabéns aos meus tradutores prediletos no dia 30 de setembro... Com quase 2 meses de atraso: PARABÉNS!
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